A Folha Patuense

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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Especial: Arte e Reciclagem

 Por Márcio Lima Dantas.



Elson Henrique de Oliveira Mesquita, nascido em Almino Afonso, (1988) trabalha com  esculturas à base de reciclagens há cerca de 3 anos. Começou trabalhando no Museu do  Sertão, com o Prof. Benedito Vasconcelos. O surgimento do seu ofício assomou a partir  de ter ficado desempregado. Curioso despertar, para quem tenta compreender os  meandros da arte na alma daqueles que detêm o talento da intuição artística. 

Parece que a vida só quer uma desculpa para ungir alguém com a capacidade de  produzir um objeto de arte, eivado de singularidade e destoante dos demais objetos que  povoam o que chamamos de Realidade. Com Elson, foi o fato de estar desempregado.  Poderia ser qualquer outro? Sim, pois as Moiras (O Destino) são vestidas do elemento  surpresa, nunca deixando entrever o que resguarda para as criaturas. 

Para efeito de compreensão, podemos classificar a obra do artista em duas formas  básicas de construir os objetos. Temos os que são elaborados a partir de sucata, de peças  que pertenceram a engrenagens ou partes de coisas feitas a partir do ferro ou do aço.  Creio que é aqui onde o artista se sai melhor, onde revela um grande senso de  originalidade ao congregar numa peça, - como a elegante cabeça de um cavalo ou um  belo touro -, o conjunto de mínimas peças que pertenceram a outras máquinas, outros  mecanismos. Resta a despótica ostentação de seres paralisados, como a referendar a  capacidade de se reorganizar o mundo a partir do que foi desfeito ou descartado. Um  universo edificado com aquilo que se convencionou que não há mais valor, vindo a ser  obra de arte de grande feitura, com esmero e irradiando beleza para o expectador. 

Creio não ser tão fácil criar a partir do que a sociedade de consumo descartou como algo  que não detém mais valor prático, utilitário, relegando às sucatas, aos monturos e aos  depósitos com sua mescla de inertes peças, num conjunto aleatório. E que tão somente o  olhar sagaz do artista consegue divisar uma outra forma a partir daquilo que é basculho. 

Eis uma alma dotada de sensibilidade artística, que consegue extrair das rumas do que  fora outrora algo uno e como uma função um outro haver, justapondo peças para vir a  engendrar um novo objeto, agora não mais com caráter utilitário, mas com valor  estético, valendo por si e não como parte de um todo. 

A segunda categoria de objetos que Elson constrói tem em vista, sobretudo, animais que  pertencem ao cotidiano do viver rural. É o majestoso touro, com seus belos chifres,  ostentando sua virilidade. Para mim, os mais curiosos são os bodes, mormente um  elaborado com alumínio. Este animal iconifica a capacidade de resistência face a um  meio que nem sempre oferece as condições propícias a um viver mais confortável. Há  que se debelar o clima e a vegetação da caatinga. Nesse sentido, representa o estoicismo 

de quem deve se adequar a um meio hostil, para sobreviver. É consabido a capacidade  do bode de se fazer perdurar diante do que o meio proporciona, sendo capaz de  sobreviver com o que a natureza oferece. 

Algo bastante curioso na elaboração dos bodes é a necessidade que o artista tem de  ressaltar a “masculinidade” desses animais, como se quisesse dizer de uma força atávica  que a natureza imprimiu no animal. As proporções parecem querer dizer de serem  dotados de uma força que os consagra como capazes de enfrentar um meio ambiente  nem sempre favorável, sobretudo na estação seca da região Nordeste. 

Mas o trabalho de Elson não se limita a esses dois conjuntos básicos que aqui  classifiquei. Sua obra é multifacetada, representando desde personagens universais  como D. Quixote e Sancho Pança, até outros mais regionais, como Antônio  Conselheiro. Há uma bela cabeça de águia dourada, de fatura extremamente elaborada.  Essa capacidade de representar ícones que pertencem ao Imaginário Ocidental  demonstra uma rara sensibilidade artística: a de pensar o todo tendo sempre em vista as  partes que serão justapostas, algo não passível de ser elaborado por qualquer um, mas  advindo de uma imaginação que reelabora um mundo a partir do que um outro deixou  de lado, abandonou, tornou sucata, fez de um antigo mecanismo partes largadas em  algum lugar qualquer.



quarta-feira, 17 de abril de 2024

Foto Recordação.

 Padre Henrique Spitz Benzendo o Veículo do Comerciante Neto Dutra



Especial: Edilson Araújo: verde que te quero verde.

Por Márcio de Lima Dantas.

Verde que te quiero verde. 

Verde viento. Verdes ramas.  

El barco sobre la mar 

y el caballo en la montãna. 

Federico Garcia Lorca 




A pintura de Edilson Araújo (Ouro Branco RN, 1950) estabelece relações com diversas  tradições e personalidades no âmbito das artes visuais. Mas primeiro vou me debruçar sobre aspectos dessa pintura, eivada de uma opulenta singularidade quando posta, para  efeito de comparação, ao lado de outras produzidas no Rio Grande do Norte. Falo desse  conjunto de artistas filiados à chamada representação naif. Com efeito, hoje, o estado do  Rio Grande do Norte nada deve a ninguém, não apenas por deter autodidatas de extrema  beleza e domínio técnicos, capazes de compreender exatamente o que estão fazendo, bem  como ter esses artistas integrando acervos públicos ou galerias de arte. 

E se a maioria, só para ficar em um exemplo, não manuseia a perspectiva, buscando a  profundidade, nem por isso invalidada a qualidade técnica e o reconhecimento não só do  meio artístico, que quase sempre integra o acervo de exposições coletivas e individuais,  mas de fazerem parte do mercado da arte. Consabido é de o quão laborioso se faz colocar  obras de determinados pintores em um mercado muito concorrido, no sentido de que nem  sempre há pessoas interessadas em adquirir obras de arte. Sendo assim, tarefa árdua a de  deter um público de gente com interesse de não apenas chancelar a qualidade de um pintor  e sua obra, mas ir para além dos elogios, adquirindo telas para se firmar como alguém  que sabe da estética como integrante do modus vivendi de uma determinada coletividade. 

Sim, antes de adentrarmos pelos principais aspectos da obra de Edilson Araújo, gostaria  de evocar o fato de termos na historiografia das artes visuais uma das mais importantes,  ou melhor, talvez a mais importante do Rio Grande do Norte. A saber, foi aqui que nasceu  e dedicou sua vida ao trabalho: Maria do Santíssimo (São Vicente RN, 1890- idem 1974).  Uma vida plena de curiosidades, repleta de enigmas, ao retratar por meio de pincéis feitos  de palitos de coqueiro, e como tinta, a anilina, e que as categorias da Arte não alcançam, sentem dificuldades em dar conta, dada a fartura de pequenos paradigmas, lançando seus  vetores simbólicos para certas auras que só a noção de arquétipos podem abraçar 

esponsais possibilitadores de tornar inteligível essa curioso trabalho estético, que é muito  mais uma seara de formas habitantes de regiões soturnas do humano. 

Mas voltemos ao pintor de Ouro Branco. É por demais interessante observar o quanto de  tradições ou de pintores evocam ou remete, talvez um dos naifs com mais referências  implícitas que o nosso estado acolhe no seu atual panorama de artes visuais, em se  tratando dos chamados ingênuos ou primitivos. Dito isso, vamos por partes.

Lembra, e muito, a maneira como o também naif Heitor dos Prazeres elabora a fisionomia  do humano em suas telas: sempre estão de perfil, sendo que, diferente de Edilson Araújo,  as personagens retratadas perfilam-se em movimento, como se acompanhassem uma  qualquer dança, imprimindo uma graça e uma alegria por se encontrarem face às  vicissitudes, mas com nesgas de soluções abertas por cada um. E por ter e deter a sapiência  como uma sua caudatária, espécie de carta na manga, conseguida na trajetória de dias, eis  o que se comemora do triunfo diante do imponderável das forças da vida, soprando sua  borrasca interminável. 

Sem, contudo, se deixar alquebrar, compreendendo que um fazer parte da vida também é  a necessidade de uma legítima resignação. Penso que nessa forma de ser e de se comportar  há uma resposta que muito mais do que um simples aceitar, é um salto qualitativo que  nos veste com o manto da sabedoria. 

Não posso deixar de lembrar aqui a Arte Egípcia e a obrigatoriedade de uma  representação tendo como pano de fundo a Lei da Frontalidade (pernas e rosto, de lado;  olhos e tronco, de frente). Essa maneira de conjugar as figuras não tem uma regularidade  em todas a telas de Edilson Araújo, algumas fogem a essa lei outrora encontrada nos  afrescos de paredes em túmulos no antigo Egito. 

Evidencia-se, por meio de um conjunto de paradigmas pictóricos, oriundos da tradição da  arte de representar ingênua ou primitiva, uma sempre presente atenção a tudo o que nos  cerca, quer seja da natureza ou da cultura, isso significa deitar um olhar amoroso tanto  sobre os pássaros, árvores, flores, quanto sobre o homem envolvido no seu trabalho, nas  festas ou nas lavouras. 

Contudo, essa maneira de observar presta-se à chance de extrair o sumo que venha a  preencher o vaso insigne da sabedoria e de uma possível arte do bem viver,  compreendendo que o alento primacial encontra-se no valorizar as coisas simples,  outorgando ao que é bom e bonito o status de uma placidez ansiosamente buscada pelo  espírito humano, submetido às tempestades emocionais, às atribulações que chegam de  surpresa, à impermanência e sua lei que diz: tudo é impermanente, só o que é permanente  é a impermanência. Quem havera duvidar de? 

Sendo necessário uma atitude que nos demanda a coragem de reter por nossa conta e risco  à rodagem que nos leva aos aceiros paralelos à estrada principal, o que nominam como  Normalidade. Assim sendo, de certo ponto de vista, viver é escolher o que nos concerne,  os sítios nos quais vicejam identidade e números capazes de definir nossa satisfação,  sossego, tranquilidade, enfim, os campos vibracionais que circunscrevem uma identidade  capaz de nos aquietar e encontrar razões no viver. 

Outra coisa, há excesso de elementos justapostos, dizemos isso no melhor sentido, na  medida em o que o conjunto perfaz uma grande harmonia. Não queremos dizer que essa  espécie de excesso queda-se pura e simplesmente para achegar figuras em diversas cores,  numa profusão que funciona como “enfeite”. Longe de mim afirmar isso. Ora, acontece  que esse fato expede um diálogo com a nossa tradição Barroca. Como sabemos, o Brasil  foi um dos países no qual o Barroco mais prosperou, sendo uma grande parte tardio,  porém não capaz de invalidar, a quantidade e a qualidade obras primas (haja vista o  patrimônio histórico de Minas Gerais e em todo o Nordeste.

Esse ethos ornamental, longe de mim dizer que este suplanta o valor estético, uma vez  que logrou êxito por meio de uma sempre presente harmonia dos elementos que compõem a cena, justapostos quase sempre de maneira arbitrária. Quero dizer, não segue princípios  lógicos, permitindo ao artista conjugar cenas ou figuras sem o uso do que chamam de leis. 

Mais que coisa bonita! Eis o voo de pássaros, árvores com frutos, homens e mulheres na  labuta do dia a dia, dias de comemoração e festas, só uma écloga poderia organizar esse  louvor do mais puro deleite, conduzindo os sentidos a crer, e saber, que a vida não se  limita a inglória luta imposta pelas circunstâncias, tendo aqui os embates do presente e os  anseios e medos com relação ao futuro. 

Por fim, não nos custa discorrer um tanto acerca da cor predominante nas telas de Edilson  Araújo. Causa uma espécie de empatia logo que nos achegamos diante de uma das suas  inúmeras representações, valendo lembrar que todo o espaço em branco é preenchido por  matizes da cor verde, quintessência da natureza. Ora, desde sempre a simbólica dessa cor  esteve associada à natureza e, por extensão, incluir o perímetro de uma semântica  relacionada ao equilíbrio e à harmonia: saúde, frescor, vitalidade. Verde é vida, evocando  à renovação periódica das nossas duas estações: a seca e a das chuvas. Esta é sempre bem vinda e esperada, por meio de calendários que o senso comum manuseia elementos,  superstições, demonstrando sua presença no imaginário de Nordeste. Embora não sendo  possível abandonar os serviços de meteorologia da região.












sexta-feira, 22 de março de 2024

Cariri Cangaço - Território de Grandes Econtros.

 


Depois do grande sucesso do Cariri Cangaço realizado no município de Catolé do Rocha-PB, agora será a vez dos municípios de Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Ingazeira e Iguaracy sediarem este importante evento que evidencia a história do Cangaço no Nordeste.

de 18 a 21 de Abril, o Cariri Cangaço Afogados da Ingazeira, realizará uma grande programação. 

Veja!!!

CARIRI CANGAÇO AFOGADOS DA INGAZEIRA

Carnaíba – Ingazeira – Iguaracy

Pernambuco – Nordeste do Brasil

18 de abril de 2024 - Quinta-Feira

NOITE

NOITE SOLENE DE ABERTURA

CINE TEATRO SÃO JOSÉ

Rua Newton César de Macedo Lima, s/n – Afogados da Ingazeira

18h  Abertura Festiva da Feira de Livros

19h Início da Noite Solene 

Mestre de Cerimônia

Marcelo Litwak

Apresentação Artística

Grupo de Xaxado Bandoleiros da Solidão

Formação da Mesa Solene de Abertura

MANOEL SEVERO BARBOSA – Curador Cariri Cangaço

ALESSANDRO PALMEIRA– Prefeito Municipal de Afogados da Ingazeira

ANCHIETA PATRIOTA- Prefeito Municipal de Carnaíba

LUCIANO TORRES – Prefeito Municipal de Ingazeira

ZEINHA TORRES – Prefeito Municipal de Iguaracy

AUGUSTO MARTINS – Presidente da Comissão Organizadora

JOSÉ PATRIOTA – Deputado Estadual 

PADRE LUIZ MARQUES FERREIRA – Diocese de Afogados

HESDRAS SOUTO – Presidente do CPDOC 

ALBERTO RODRIGUES – Presidente do IHGP

LEMUEL RODRIGUES- SBEC Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

ARCHIMEDES MARQUES – Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço

ADRIANO CARVALHO – Academia Brasileira de Estudos do Sertão

NARCISO DIAS – GPEC Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço

ANGELO OSMIRO – GECC Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará

WASTERLAND FERREIRA- GECAPE Grupo de Estudos do Cangaço de Pernambuco

JULIERME WANDERLEY – Conselho Cristino Pimentel – Borborema Cangaço

19h Hino Nacional 

Banda de Musica Municipal Bernardo Delvanir Ferreira

19h15 – Entrada do Estandarte do Cariri Cangaço

Conselheiros Cariri Cangaço: Célia Maria Parahybana – João Pessoa PB

Capitão Quirino Silva – João Pessoa PB

19h40 – Apresentação do Cariri Cangaço

Conselheiro LUIZ FERRAZ FILHO – Serra Talhada PE

TAILENE BARROS – Serra Talhada PE

19h50 – Cumprimentos aos Convidados

MANOEL SEVERO BARBOSA – Curador Cariri Cangaço

ALESSANDRO PALMEIRA– Prefeito Municipal de Afogados da Ingazeira

AUGUSTO MARTINS – Presidente da Comissão Organizadora

JOSÉ PATRIOTA – Deputado Estadual 

20h30 – Entrega de Comendas “Mérito Cultural Cariri Cangaço”

Prefeito Alessandro Palmeira – Sandrinho

Entregue por Conselheiro Zezito Maia – Catolé do Rocha PB

Gastão Cerquinha da Fonseca(in memorian)

Entregue por Conselheira Elane Marques – Aracaju SE

3.Joel Ferreira Lima – Museu da Saudade

Entregue por Conselheiro Luiz Ferraz Filho – Serra Talhada PE

José Rufino da Costa Neto – Dedé Monteiro

Entregue por Conselheiro Moustafa Veras – Afogados da Ingazeira PE

Nivaldo Alves Galindo Filho – Nill Junior

Entregue por Conselheira Ana Gleide Leal – Floresta PE

21h – Posse de Novos Conselheiros Cariri Cangaço

HESDRAS SÉRVULO SOUTO DE SIQUEIRA CAMPOS FARIAS

Estola e Diploma entregues por Conselheiros

ANDRÉ VASCONCELOS – Triunfo PE

LUMA HOLANDA – João Pessoa PB

ORLANDO NASCIMENTO CARVALHO

Estola e Diploma entregues por Conselheiros

MANOEL BELARMINO – Poço Redondo SE

JOÃO DE SOUSA LIMA – Paulo Afonso BA

21h 10 – Conselheiros Mirins

HENRIQUE DINIZ FERRAZ NOVAES

Estola e Diploma entregues por Conselheiro

CLÊNIO NOVAES e HELGA DINIZ – São José de Belmonte PE

FELIPE ANTÔNIO CAMPOS TELES PEREIRA DE MENEZES

Estola e Diploma entregues por Conselheiro

LOURO TELES e JOSEANE TELES – Calumbi PE

21h 30 – Homenagem “Mulher Arretada Cariri Cangaço”

Manoel Severo e Tailene Nogueira Barros

Ângela Maria Recife PE

Catarina Venâncio João Pessoa PB

Eliana Pandini Entre Rios BA

Glaucia Ferraz Serra Talhada PE

Helga Diniz Floresta PE

Isalete Alencar Paulo Afonso BA

Joseane Teles Calumbi PE

Maria Oliveira Poço Redondo SE

Ranaíse Almeida Capoeiras PE

Risonete Rodrigues João Pessoa PB

Rosane Ferraz Recife PE

Rose Sousa Poço Redondo SE

Sulamita Burity Campina Grande PB

21h 50 – Homenagens pela ABLAC

Archimedes Marques e Elane Marques

22h – Passagem do Estandarte do Cariri Cangaço

Atual Sede : Afogados da Ingazeira PE

AUGUSTO MARTINS – HESDRAS SOUTO – LUIZ FERRAZ FILHO – LOURO TELES 

MOUSTAFA VERAS – TAILENE BARROS – LUMA HOLANDA

Próxima Sede: Jardim CE

ADRIANO CARVALHO – LUIZ LEMOS – JOÃO PAULO SOUZA

22h10 Encerramento

19 de abril de 2024- Sexta-feira

MANHÃ

8h -SAÍDA PARA VISITA TÉCNICA

Serra da Colônia – Local do Nascimento de Antônio Silvino

CARNAÍBA – PE

9h – SOLENIDADE 

9h10 Entrega da Comenda Mérito Cultural 

Prefeito de Carnaíba, Anchieta Patriota

Entregue por Conselheiro Leonardo Gominho 

9h20 CONFERÊNCIA DE CAMPO NA SERRA DA COLÔNIA

As Origens de Antônio Silvino 

Hesdras Souto Tuparetama PE

Antônio Silvino sob o Olhar da Família

Rafael Borges  Caruaru PE

Bisneto de Antônio Silvino 

10h – CAPELA DE SANTO ANTÔNIO DA COLÔNIA

Entrega e Consagração Comenda de “Lugar de Memória Cariri Cangaço”

Padre Luizinho Marques

Entrega por Conselheiros Joaquim Pereira e Wescley Dutra

11h30 – VISITA DE CAMPO

Museu do Rádio

 Rua Sete de Setembro, Afogados da Ingazeira

11h45 Entrega da Comenda Mérito Cultural 

Museu do Radio

Nill Junior

Entrega por Conselheiros Archimedes e Elane Marques

13h – ALMOÇO EM AFOGADOS DA INGAZEIRA 

TARDE LIVRE

NOITE

18h30 – PAINEL E DEBATES

Auditório da Câmara Municipal

Rua Dr. Roberto Nogueira Lima, 236, Afogados da Ingazeira – PE

19h – LANÇAMENTOS E APRESENTAÇÃO DE LIVROS

As andanças de Antônio Silvino pelos sertões do Seridó e Curimataú

Fabiana Agra Picuí PB

Manoel Netto – No rastro de Lampião

Leonardo Gominho Floresta PE

Manoel Batista de Morais – Cangaceiro Antônio Silvino 

Célia Maria Silva João Pessoa PB

Carnaíba: Memórias, Transformações Espaciais e Socioculturais

José Anchieta de Siqueira São Paulo SP

19h30 – CONFERÊNCIAS

ANTONIO SILVINO – O Rifle de Ouro

Julierme Wanderley  Campina Grande PB

AS VÁRIAS FACES DA PRISÃO DE ANTONIO SILVINO

Debate com Painelistas

Geraldo Ferraz Recife PE

 Ivanildo Silveira Natal RN

Fabiana Agra Picuí PB

Rafael Borges Caruaru PE

Luiz Ferraz Filho Serra Talhada PE

Hesdras Souto Tuparetama PE

22h Encerramento

20 de abril de 2024- Sábado

MANHÃ

8h -SAÍDA PARA VISITA TÉCNICA EM INGAZEIRA

Ingazeira – Passagens de Antônio Silvino

INGAZEIRA – PE

9h – SOLENIDADE –IGREJA MATRIZ DE SÃO JOSÉ

INGAZEIRA – PE

9h10 Entrega da Comenda Mérito Cultural 

Prefeito de Ingazeira, Luciano Torres

Entregue por Conselheiros Clênio Novaes e Junior Almeida

9h20 CONFERÊNCIA DE CAMPO E 

O GRANDE ENCONTRO DA FAMÍLIA MORAES

(Descendentes de Antônio Silvino)

As Passagens de Antônio Silvino 

Hesdras Souto e Osmano Moraes

9h50 Comenda para Antônio Silvino

“Personagem Eterno do Sertão”

Família Moraes

Entregue por Conselheiros, Carlos Alberto Silva e Josué Macedo Santana

10h – VISITA ÀS CASAS DAS IRMÃS DE ANTONIO SILVINO

10h30 -SAÍDA PARA VISITA TÉCNICA EM JABITACÁ

Jabitacá – Passagens do Cangaceiro Meia-Noite

IGUARACY – PE

11h – SOLENIDADE –IGREJA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

JABITACÁ, IGUARACY – PE

11h10 Entrega da Comenda Mérito Cultural 

Prefeito de Iguaracy, Zeinha Torres

Entregue por Conselheiro Ângelo Osmiro

11h15 Entrega e Consagração Comenda de 

“Lugar de Memória Cariri Cangaço”

Igreja Nossa Senhora da Conceição

Entrega por Conselheiros Geraldo Ferraz e Narciso Dias

11h20 CONFERÊNCIA DE CAMPO

Passagens do Cangaceiro Adolfo Meia-Noite

Moustafá Veras Afogados da Ingazeira PE

12h30 Retorno Afogados da Ingazeira

TARDE LIVRE

NOITE

18h30 – PAINEL E DEBATES

Auditório da Câmara Municipal

Dr. Roberto Nogueira Lima, 236, Afogados da Ingazeira – PE

19h – LANÇAMENTOS E APRESENTAÇÃO DE LIVROS

Antônio Matilde – O Mestre de Armas de Lampião

Bismarck Martins Pocinho PB

Lampião em Serrinha do Catimbau

Junior Almeida Capoeiras PE

Francisco Ricardo Nobre, o Inglês da Volta e sua descendência

 de Yoni Sampaio & Geraldo Tenório Aoun Recife PE

por Joaquim Pereira Recife PE

Diário do Cangaço – Das origens da cidade de Vila Bella 

a ascensão de Lampião 

Paulo Cesar Gomes  Serra Talhada PE

19h30 – Entrega de Comendas “Mérito Cultural Cariri Cangaço”

Tenente João Bezerra da Silva (in memorian)

Entregue por Conselheiro Bismarck Martins – Pocinho PB

Tenente João Gomes de Lira (in memorian)

Entregue por Conselheiro Louro Teles – Calumbi PE

19h40 – CONFERÊNCIAS

Tenente João Bezerra da Silva: O Comandante de Angico  

Paulo Britto  Recife PE

Tenente João Gomes de Lira: Memórias de um Soldado de Volante

Rubelvan Lira Nazaré do Pico PE

Clóvis Lira Afogados da Ingazeira PE

Manoel Arão: O Maior Literato de Afogados de Todos os Tempos

Saulo Duarte Flores PE

22h – APRESENTAÇÕES ARTISTICAS NA PRAÇA

21 de abril de 2024- Domingo

MANHÃ

8h -SAÍDA PARA VISITA TÉCNICA EM CARNAÍBA

8h45 VISITA AO MONUMENTO AO POETA ZÉ MARCOLINO

Santo Antônio – Carnaíba PE

9h VISITA AO MUSEU DE ZÉ DANTAS

Praça de Eventos Milton Pierre s/n Centro – Carnaíba PE

Apresentação da Banda de Pífanos do Riacho do Meio

Cíço do Pife e Joel do Museu da Saudade

9h10 Entrega da Comenda Mérito Cultural ao Museu de Zé Dantas

Entregue por Conselheiro Emmanuel Arruda

10h VISITA À CASA E BUSTO DE ZÉ DANTAS

ENCERRAMENTO

CARIRI CANGAÇO AFOGADOS DA INGAZEIRA

Carnaíba – Ingazeira – Iguaracy

Pernambuco –Nordeste do Brasil

Realização

Instituto Cariri do Brasil

Conselho Alcino Alves Costa – Cariri Cangaço

Apoio na Realização

Prefeitura Municipal de Afogados da Ingazeira

Prefeitura Municipal de Carnaíba

Prefeitura Municipal de Ingazeira

refeitura Municipal de Iguaracy

Apoio Institucional

SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

ABLAC – Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço

ABRAES – Academia Brasileira de Estudos do Sertão Nordestino

GECAPE – Grupo de Estudos do Cangaço de Pernambuco

GPEC – Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço

GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará

Borborema Cangaço

CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação do Pajeú

IHGP – Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú

CARIRI CANGAÇO     

Especial: Madé Weiner: da atualidade de resignificar técnicas das artes visuais

 

Por Marcio de Lima Dantas 

Sempre evitei falar de mim, 

falar-me. Quis falar de coisas. 

Mas na seleção dessas coisas 

não haverá um falar de mim? 

João Cabral de Melo Neto * 



Madé Weiner (São Vicente, 1949) foi bastante precoce ao seguir o seu  pendor para a arte, aos cinco anos desenhava as tias e o seu jabuti. Não causa  espanto o fato de aos 23 anos, aportar em Londres, com 30 anos inicia seus  estudos sobre arte. Essa permanência conduziu-a a tentar preencher os hiatos  que foram sendo deixados nas rodagens e marginais, como se fossem  impostas pela vida. É então que estuda no Waltham Forest College. Porém,  tudo indica que não conseguia mais mapear onde perdera a calma (Quem tem  alma, não tem calma, Fernando Pessoa), corroborando essa ausência de  tranquilidade, estuda de 1983 a 1985 na Open Foundation Course in Art. 

Não seria justo esquecer de arrolar os professores/mestres ao longo de  tempos nos quais a disciplina e o talento outorgaram a tão conhecida boda que satisfaz não somente uma alma, imprime júbilos nos que apreciam a arte  e fazem do contemplar telas, plenas de pathos, um sal e um condimento para  uma presença no mundo, em busca de um sentido para suas respectivas  existências. 

Estudou pintura com Nick Wyndham, Bob Waltman e Keith Mac. Passando  pela cerâmica e tecelagem com Rogério e Anne. 

A nossa artista parece não precisar com exatidão o momento no qual houve a cisão entre uma rotina do que chamam “mulher” e uma tomada de ação que  a conduziu em direção a uma convivência pacífica com uma inquietude da  alma, possibilitando conviver com seus demônios, não havendo outra  solução: a arte é esse chafurdo interior no qual não se procura, todavia acaba  encontrando. Oxalá possamos especular do surgimento dessa personalidade:  a mãe falece aos 22 anos, quando ela caiu no mundo: nascida. Adotada por 

Tia Alzira, uma senhora que tinha uma loja de tecidos e costurava como um  alfaiate. 

O amanho das tantas técnicas estudadas, ancorou seu talento no pastel seco,  dando à luz a toda uma sorte de representações, quer sejam de torsos nus ou  marinhas. Creio ser necessário uma classificação dos trabalhos da artista.  Vejamos. 

Modelo vivo (1), Marinhas (2), Cerâmica de alta da temperatura (3), Pintura  (4): acrílico, carvão, nanquim e pastel seco. 

No que concerne ao modelo vivo (1), quase sempre os corpos limitam-se à  retratação do torso. Dificilmente aparece um rosto. Há que lembrar que a  artista não busca comprovar seu domínio sobre a técnica do pastel seco. Os  corpos aparecem em recortes, demonstrando que o interesse não é sobre a  individualidade, sobre a persona de um sujeito, mas sagra a perspicácia de explorar o volume e a forma por si mesma. Refratando deliberadamente a  ausência de apego à figura de um provável sujeito detentor daquele corpo. 

Não existe interesse pelo semblante, basta observar e imprimir no papel os  meandros de um corpo masculino ou feminino, fazendo valer um domínio  sobre a técnica pastel seco, manuseado com grande mestria. 

Assim sendo, sua retratação de modelos vivos não se atém tão-somente aos  torsos nus. Há um caderno, dos anos 80, cujas páginas repletas de perfis,  quase sempre masculinos, e com autêntica desenvoltura, manuseando  diversas espécies de lápis e cores, refletem uma desenvoltura com relação ao  desenho acadêmico. Com poucas linhas nuas sobre o papel consegue dar  conta de uma personalidade, através dos olhos ou dos contornos dos lábios,  ou cabelos revoltos. 

Com efeito, pode até parecer exagero, mas esses cadernos resguardam um  dos melhores momentos da artista, no que concerne ao domínio do desenho  acadêmico. Na verdade, qualquer retratação interna ou externa, qualquer que  seja o campo de criação artística, sucede aqui uma habilidade com enorme  consciência do que está elaborando. 

Vejamos as marinhas (2). Afora de qualquer dúvida, uma das séries nas  quais a expressão estética revela a necessária longanimidade, para que as  razões primárias venham à tona e habite mãos, e pensamentos daquela que  contempla os recortes da natureza. De ânimo pronto, a artista aceita  apascentar formas, volumes, cores e nuances, conduzindo com ordem e  consciência, estabelecendo a necessária relação que o fazer artístico precisa  para vigorar com intensidade, legando aos olhares dos tantos interessados na 

compreensão/curiosidade de um vir a ser diferente da realidade a qual  estamos habituados. 

Há certas invariantes nas Marinhas. Tudo faz crer de um primeiro plano  evidenciando formações rochosas em cores várias, podendo ocupar 2/3 do  enquadramento. Aqui ocorrem as falésias, formações rochosas ou as dunas que concernem ao relevo das nossas praias. A artista aspergiu o seu talento  e domínio técnico do pastel seco com grande mestria, mas também é possível encontrar acrílica sobre tela. 

Até certo ponto, lembra-nos, algumas Marinhas Dorian Gray, cujas telas  remetem a uma indecisão entre o figurativo e o abstrato, talvez onde este  pintor tenha atingido sua excelência como detentor de um domínio beirando  a perfeição dos seus gestos, das técnicas e das cores com as quais modelou,  por meio de um compromisso com os pendores da sua psiqué. E assim foi  capaz de plasmar uma série de telas nas quais a indeterminação entre os  planos figurativos e abstratos esplendem diante do expectador a beleza de  sua arte (tekhné). 

Sim, há também uma série deveras interessante em Madé Weiner. São as  naturezas-mortas, em acrílica sobre tela, de um requintado primor na  consecução do que parecem ser flores passíveis de causar estranhamento,  pelo fato de não remeterem à botânica nossa conhecida. É o caso de uma flor  em tons azulados, visivelmente riscada com a técnica do pastel seco, rebenta  como se fosse plissada em um tecido, mas não deixando aquele que  contempla sem a ambiguidade da dúvida acerca de que espécie se trata.  

Na cerâmica de alta temperatura (3), queimada a 1000º, também conhecida  como cerâmica vitrificada, parece que a artista se sente mais à vontade, sem  os rigores e as exigências de outros meios de alcançar o timbre estético de  uma peça. Nesse sentido, o sentimento suplanta o excesso de cuidados e  consciência necessários a uma feitura subordinada a determinadas leis  deixadas pela tradição, como, por exemplo, no uso do pastel seco, muito  usados pelo Simbolismo e Impressionismo. Sendo aquele que vem ao mundo como um assinalado, com o farnezinho de articular coisas do espírito (no  caso, aqui, artes visuais), fica com uma dívida para com estilos históricos,  sobretudo os que passam pelas escolas de Belas Artes ou coisa assemelhada. 

E se não consegue superar, dado o cabedal de movimentos, vanguardas,  tradições, que estão sedimentados onde se deseja pisar, pode ser que logre  encontrar uma alternativa diferente para ir de encontro a mesmice que repete  o refrão tedioso aos pósteros. Não vale é ser discípulo comedido e sem as  necessárias rupturas para inaugurar uma assinatura singular.

Suficiente deitar os olhos com atenção, para se constatar na cerâmica  vitrificada o predomínio da linha curva. Ausentes de ângulos retos, as formas  orgânicas demonstram sua opulência e maleabilidade, sem a simetria  bilateral ou radial. Há que buscar estabelecer relações com o que se encontra  mais próximo ou determinadas formas a que estamos acostumados. Eis o  surgimento de totens, estelas, fragmentos de fachadas de edifícios. Assim  nos vem o estilo Art Nouveau, o parentesco mais próximo no tempo e no  espaço, na medida em que Madé Weiner morou durante tanto tempo na  Europa, berço desse estilo. 

Curioso que a artista usa, e admite, a Cerâmica Vitrificada como espécie de  possibilidade mais amena de expressão. Fica difícil não evocar o Regime  lunar e noturno da deusa Selene, cujos atributos evocam o que fomos  acostumados a compreender como “feminino”, mas que no imaginário não  existe a pureza. Há que compreender onde auras simbólicas envolvem cada  fenômeno, deixando entrever as possibilidades de sínteses entre o Regime Diurno e o Regime Noturno (Gilbert Durand, As estruturas antropológicas  do imaginário).  

A artista abandona provisoriamente os domínios da musa Érato (poesia  lírica), desde sempre sua protetora, e conduzindo-a aos ambientes mais  íntimos, haja vista os torsos nus, na clausura de possíveis alcovas, na qual  corpos masculinos e femininos permitem o olhar atento de quem desenha; os  perfis de rostos desenhados em um caderno, as tomadas da natureza,  salientando aspectos pouco apreciados, ou originais naturezas-mortas. E saindo, provisoriamente, dessas abordagens que se voltam para o âmago, não  importando se existe um ethos narrativo ou não, compraz-se em ângulos que  detém um valor em si, e não por relação. 

Ora, para onde ia incensar outros altares, se não para a musa Calíope  (narrativa, eloquência, cura a melancolia, dom da adivinhação)? À la  recherche de temps perdu, começa a organizar uma série intitulada “Dossiê  do semiárido”, retomando fatos e lembranças da infância, em uma  corporatura que fora depositada em sua mente por um amigo chamado  Joaquim Sabão, que servia de companhia na loja da tia, atualizando-a nos  informes acerca da cidade. 

Nos últimos trabalhos é que se voltou, com uma espécie de pressa (o tempo  urge!). Para retratar aspectos e personagens da pequena cidade de onde é  oriunda: São Vicente (antigamente Saco de Luísa), localizada no Seridó,  onde o sol é mais inclemente, nas terras áridas do Rio Grande do Norte. Eis

que surge Zefa, desenhando novas linhas de existir, reconsiderando valores  a que estava habituada, após ser deixada por Abdias. 

Houve, antes disso, um affaire entre Zefa e um barbeiro que só vinha à cidade  nos sábados da feira, conduzindo o que chamavam “mala cheirosa”, onde  havia toda espécie de utensílios para se fazer cabelo e barba. Em Zefa ele  dera uma geral, pelos externos e internos. O marido enciumado abandona-a.  Com a ruptura do casal, a mulher é deixada só e com três filhas. Ao que  parece, era vivedeira. Também pudera, nessas terras de vegetação xerófila,  haverá de ser outra coisa que não se reorganizar e enfrentar os dias quentes? 

Então, surge, na rua Velha, um novo meio de vida: uma animada casa de  recursos, atraindo os homens da polis, povoada por grande diversidade de  mulheres, aberta só durante a noite, visto que durante o dia trabalhavam na  feitura de redes. O freguês elege para diversão a que tipo de prostituta é mais  condizente com a aura de determinados dias. Mas também pode ser fiel a um  costume, sempre o fascínio por uma sorte de meretriz já conhecida no  alcouce. 

A necessidade de organizar as meretrizes na Casa de Recursos da Rua Velha,  através da retratação em telas, parece conter uma pulsão que remetem à  noção de arquétipos, irmanados por força centrípeta, ajuntando as mulheres  e fazendo-as representar no grande teatro do mundo. Necessário papel para  que o palco da vida e suas leis do cotidiano, tenha uma dinâmica. Ainda, o  lupanar acolhia as mulheres que não se enquadravam no status quo de uma  sociedade regida pela necessidade da vigilância e da implacável punição  (Foucaut). Fosse quem fosse, sempre houve o inevitável do outro um tanto  vulnerável, um muito de ingenuidade, o cotidiano como o dia que se achega  com suas errâncias, ser apontado como “anormal”, para que o grande coro  social não desafine. Como era de se esperar, João Sabão recebeu a pecha de  “doido”. Assim se fez, por uma necessidade (dynamis) que rasga as duas  mãos: uma de dentro (psique) e outra de fora, do coletivo (enteléquia).  Emprego livremente a terminologia de Aristóteles. 

Com efeito, Zefa, a comandante em chefe do Cabaré, era obesa, para  completar a compleição do que o destino conduzirá a vir a ser uma cafetina,  por não valer no lupanar pelos atributos do corpo, rege-se pela perspicácia  dos olhos e da audição, exclamando seu verbo persuasivo a imprimir valias  do ambiente nos fregueses. Nininha era a dançarina, animando por meio do  corpo e da música o bordel. Lica era mais recatada e misteriosa, talvez por  não se interessar muito pela retórica. Ziruca era a mais falante, um tanto  extrovertida, a eloquência era parte do seu charme. Em síntese, como 

dissemos, a musa Tália (da tragédia e da comédia/festividade) regia os  carrilhões que movimentava a cena viva que é o humano em evidência. Teatro ou circo: quase a mesma coisa. 

Deixe ver se ainda posso acrescentar algo. A obra da artista Madé Weiner  configura-se como espécie de inópia, em cuja corporatura subjaz o traço  vincado de uma aproximação com sua história de vida. Mesmo tendo ido  parar em Londres, locus onde aprendeu todo um conjunto de técnicas, e ao  que parece, foi-lhe incutida a necessidade da disciplina, do método e da  consciência de se deixar habitar pelo trabalho para com a arte. Havendo que  lembrar que toda uma constelação de imagens e enxames de símbolos  estavam amainados no seu imo, desde sua infância de órfã criada por uma  tia costureira. Quando juntou as duas pontas do seu percurso, voltando para  si mesma, chegando em São Vicente. 

Também faremos a cobra engolir seu rabo. Encerramos como começamos,  com o poeta pernambucano. “Homenagem renovada a Marianne Moore”  (Museu de tudo): 

Como saber, se há tanta coisa 

de que falar ou não falar? 

E se o evitá-la, o não falar, 

é forma de falar da coisa? 

João Cabral de Melo Neto *

Notícias.

 

CHUVAS PATU: Até 20 de Março de 2024 o acumulado de chuvas em Patu totalizou 476 milímetros, isso representa 38,5% do total das precipitações pluviométricas registradas no ano de 2023, que foram 1.236 mm.

PRAÇA DO POVO: A Praça José Pereira de Queiroz, “Praça do Povo” está sendo reformada pelo poder público municipal de Patu, através de recursos federais. A praça, conhecida também, como Praça da Estação Ferroviária, vai ganhar um marco histórico e patrimonial, trata-se de uma Máquina Locomotiva de Trem com dois vagões, que servirão de espaço de memória e exposição turístico-cultural. Os vagões servirão como espaços culturais, biblioteca e sala de exposição.

AULAS UERN: As aulas do primeiro semestre 2024, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Campus Avançado de Patu – terão início em 01 de abril. Não é mentira, fique ligado.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2024: No ano de eleições municipais, a cidade inteira fica envolvida com as articulações políticas, no sentido das possíveis chapas que concorrerão ao pleito municipal, para prefeito, vice-prefeito e vereadores. Para prefeito e Vice prefeito, situação e oposição já anunciaram os seus nomes: Pelo Bloco político da Situação os pré-candidatos são: Ednardo Moura (prefeito), Lucélia Ribeiro (vice-prefeita). Pelo bloco da oposição, os nomes anunciados são: Bruno Dantas (Carrapicho), prefeito e Ana Karla Figueiredo (Kaká de Bodinho),Vice-prefeita.

CARIRI CANGAÇO: Depois do grande sucesso do I Simpósio Cariri Cangaço – Catolé do Rocha-PB, a organização realizará no período de 18 a 21 de abril do corrente ano, o Cariri Cangaço: Afogados  da Ingazeira, Carnaíba, Ingazeira e Iguaracy. Cariri Cangaço – Território de Grandes Encontros.

PAIXÃO DE CRISTO: Vem ai, mais um espetáculo teatral, "Paixão de Cristo”. O espetáculo é composto por artistas locais e será exibido no período da Semana Santa, 28 e 29 de março de 2024,  no adro da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, Patu-RN.